15 de novembro de 2011

When Doing Nothing Is the Best Medicine


“Don’t just do something; stand there!”


It’s one of those phrases that attending physicians will spout off to their medical students while on rounds, trying to sound both sagacious and clever at the same time. It sometimes grates, but it does make a valid point, because so much of medicine is about “doing something.”

Sore throat? Prescribe an antibiotic.

New headache? Get a CT scan.

P.S.A. at the upper limit of normal? Get a biopsy.

Blood pressure still high? Add on another medication.

Doctors tend to want to “do something” whenever they note something amiss. And patients, by and large, want something done when they have a symptom. Few people like being told just to watch and wait.

Of course, every “thing” a doctor does also has side effects — rampant bacterial resistance from antibiotic overuse; major increases in radiation exposure from unnecessary CT scans; incontinence or impotence from prostate cancer treatments that may do nothing to prolong life; toxic drug interactions from multiple medications, particularly in the elderly.

The admonishment “Don’t just do something; stand there!” reminds us that we should stop and think before we act, that there are many instances in which doing nothing is greatly preferable to doing something.

In fact, there are some doctors for whom “doing nothing” is the dominant way of thinking, who are not reflex “do-ers.” They tend to lean toward the status quo: If the patient is doing fine right now, why rock the boat?

There’s a term for this in the medical literature — clinical inertia — a term with a distinctly negative connotation. It describes the doctor who, for instance, sees a patient with cholesterol levels that are not optimum but who does not prescribe a statin. Or the doctor who notices that a diabetic patient’s blood sugar levels are still not normal but refrains from increasing the patient’s medication.

Of course, this is not black and white: There is a continuum of practice styles, just as there is a continuum of personalities in general. At one end are doctors who jump on the merest hint of a borderline lab value; at the other are doctors who avoid making changes unless absolutely necessary.

I like to think of myself as perfectly balanced in the precise middle of this spectrum, but if I take a hard look in the mirror I can see that I tend toward the clinical inertia side, always hesitating before I write a prescription or order a test. I tell myself that this arises from the august wisdom of my clinical experience, from having witnessed my fair share of side effects and adverse outcomes due to medical meddling. But I have to be honest and recognize that it reflects my personal tendency to be slow in making major decisions of any sort, to need a strong sense of how things are likely to play out before I act.

Every time I prescribe a medication — or order an invasive test, or refer a patient to a surgeon — it always feels like I’m placing a stone on a balance scale. Intellectually, my goal is to place the stone on the side of the scale that benefits my patient. But in my heart, I fear that it could end up on the other side, the side that harms, and the weight and permanence of the stone give me pause.

Many make the argument that deciding not to act is as momentous as deciding to act. Except that it never feels that way. My hesitation induces guilt; it makes me ask myself if I am harming my patients by not acting as fast or aggressively as some of my colleagues would.

An essay I came across in The Journal of the American Medical Association called “Clinical Inertia as a Clinical Safeguard” offered some food for thought. The authors postulated that doctors who tend toward inertia might actually benefit their patients by protecting them from overzealous medical intervention.

They focused on three common medical conditions — diabetes, elevated cholesterol and hypertension — for which there are established clinical guidelines for doctors to follow and “quality measures” that evaluate medical care. For all three illnesses, “lower is better” is the dominant mantra.

But while “lower is better” is probably true for large populations, that is not always the case for individual patients. In fact, there are some clinical trials in which aggressively lowered blood sugar or blood pressure have been associated with higher rates of dying.

The authors weren’t saying that these medical conditions shouldn’t be actively treated, but they did caution that standard clinical guidelines tend to favor overaggressive treatment in pursuit of “good numbers.” In the stampede toward good numbers, individual patients can be harmed by the side effects of these treatments. Clinical inertia might actually act as a safeguard for such patients.

No one, of course, wants doctors who fail to act when action is necessary. And medical emergencies are a different story altogether. But most chronic illnesses, luckily, are not emergencies, so there is room for deliberation before action. And while insurance companies won’t reimburse for deliberation, and report cards pointedly penalize, it’s interesting to consider that there are many patients who may have been saved by inertia.

17 de outubro de 2011

A obesidade e as cobaias de luxo


“Ativistas zelam pelos direitos dos animais de laboratório. Quem protege os humanos que compram remédios sem comprovação de coisa alguma? Assisti no final de semana a mais um dos ótimos filmes estrelados pelo argentino Ricardo Darín. Em Um conto chinês, ele é um sujeito recluso que coleciona notícias absurdas publicadas nos jornais do mundo inteiro. Coisas como o casal que transa dentro do carro no alto de um penhasco italiano. Quando chegam ao clímax, a mulher chuta, acidentalmente, o freio de mão. O carro desliza devagarinho até que...escataplá. Os jovens amantes viram comida de peixe no fundo do Mediterrâneo. Lembrei do filme quando comecei a escrever a coluna de hoje. O alvoroço criado nas últimas semanas em torno do remédio Victoza é uma notícia absurda. Por qualquer ângulo que se olhe. Poderia ser recortada e ganhar um lugar de destaque nos álbuns de bizarrices do argentino amargurado. Acompanhe comigo:

Um laboratório chamado Novo Nordisk lança um remédio. Ele é aprovado apenas para controlar o diabetes tipo 2. É um medicamento biológico, criado por um processo altamente complexo e inovador. Não se anime com a palavra. Inovador, nesse caso, significa que ninguém sabe muito bem o que pode acontecer no longo prazo. O remédio, cuja substância ativa é a liraglutida, precisa ser injetado diariamente na barriga ou no braço. O tratamento custa, em média, R$ 500 por mês. Em nenhum lugar do mundo o fabricante pede autorização às agências regulatórias para vender o medicamento como emagrecedor. Adoraria pedir. Não pede por uma simples razão: embora os estudos clínicos iniciais tenham revelado que a droga pode provocar perda de peso, eles não foram capazes (ainda) de comprovar a eficácia do remédio para esse fim. E o mais importante: não se sabem quais são os efeitos colaterais e os possíveis danos à saúde. Se um laboratório tentar pedir tal autorização às agências regulatórias (FDA, EMEA, Anvisa ou qualquer outra) sem apresentar as comprovações necessárias, vai receber um redondo “Não”. E ainda sair do episódio com a pecha de irresponsável.

Apesar disso, médicos brasileiros começam a receitar o remédio a pacientes desesperados por emagrecer. Não o indicam apenas aos obesos mórbidos, que correm evidente risco de morte. Gente que está apenas alguns quilos acima do peso normal corre aos consultórios - principalmente depois que o medicamento é divulgado na imprensa com a promessa de emagrecimento fácil, rápido e “sem grandes efeitos colaterais”. Quem acompanha a área sabe que a coisa é muito mais complexa. Na reportagem de capa do dia 16 julho, ÉPOCA publicou o depoimento nada animador da enfermeira Silvana Bonfiglioli, de 47 anos, que usava o Victoza na tentativa de controlar o peso. “Os efeitos colaterais são muito piores que os da sibutramina. Estou tomando há um mês e sinto muito enjoo”, disse. Ela não sabia se valia a pena continuar.
Segundo um alerta da Anvisa, os efeitos colaterais podem ser muito mais graves. “Nos estudos clínicos do registro e nos relatórios apresentados à Anvisa foram relatados eventos adversos associados ao Victoza, sendo os mais freqüentes: hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarréia. Além destes eventos destacam-se outros riscos, tais como: pancreatite, desidratação e alteração da função renal e distúrbios da tireóide, como nódulos e casos de urticária.” Em outro trecho do alerta, a Anvisa ressalta: “Outra questão de risco associada aos produtos biológicos são as reações de imunogenicidade, que podem variar desde alergia e anafilaxia até efeitos inesperados mais graves. No caso da liraglutida a mesma apresentou um perfil de imunogenicidade aceitável para a indicação como antidiabético, o que não pode ser extrapolado para outras indicações não estudadas, por ausência de dados científicos de segurança neste caso." E conclui: “A Anvisa não reconhece a indicação do Victoza para qualquer utilização terapêutica diferente da aprovada e afirma que o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja como anti-diabético caracteriza elevado risco sanitário para a saúde da população.”

O ímpeto que leva tanta gente a arriscar a vida pode ser explicado pelo fascínio pela novidade. O novo, em várias áreas do consumo, costuma ser melhor que o velho. Na medicina, a lógica é outra. Remédio bom é remédio velho. Aquele que, depois de ser usado por gerações e gerações, se mostrou reconhecidamente eficaz e seguro. A menos que a pessoa sofra de uma doença terminal e incurável, não faz o menor sentido usar uma droga experimental nas condições absurdas em que o Victoza está sendo usado. Arriscar-se tanto para perder uns quilinhos? Chamem o Roberto, o personagem do Ricardo Darín. Ele teria um esgar provocado por puro prazer mórbido ao ler a bizarrice médica. Um absurdo que não ocorre na China ou na Romênia - mas bem pertinho dele, do lado de cá da fronteira. Quem compra um remédio que não foi aprovado para o fim desejado é cobaia. No caso do Victoza, é cobaia de luxo. O sujeito confessa que usa o remédio com uma ponta de orgulho. Afinal, são poucos os que podem pagar R$ 500 por umas injeções modernas que são a nova promessa de emagrecimento.

As cobaias de luxo estão mais desprotegidas que os ratinhos pelados de laboratório. Aqueles que cortam o coração dos partidários do fim das pesquisas com animais. Os bichinhos contam com ONGs bem organizadas que saem em defesa de seus direitos. Seres humanos que participam de estudos clínicos controlados (fundamentais para o desenvolvimento de novas drogas e para o avanço da ciência) também são protegidos por normas rígidas. São informados de todos os riscos, recebem assistência médica se algo der errado e, obviamente, não pagam pelas drogas experimentais que ingerem. As cobaias de luxo estão na pior condição possível. São a escória da escória. Onde já se viu pagar (caro) por uma droga que ninguém sabe se funciona e que danos pode provocar? Se der tudo errado, vão reclamar para quem? O fabricante não pode ser responsabilizado pelo uso indevido de um de seus produtos. Se o remédio não tem aprovação da Anvisa, ela também não tem culpa. Talvez o médico pudesse ser enquadrado de alguma forma. Mas o profissional que se arrisca tanto desse jeito só o faz porque sabe se defender. Ao paciente, talvez reste reclamar para o bispo.

É curioso observar como pessoas céticas em vários campos da vida se deixam levar por tantas promessas de emagrecimento fácil. O obeso desconfia do corretor que lhe oferece um investimento maravilhoso, não cai na lábia do operador de telemarketing mais habilidoso, não se rende à chantagem emocional da mulher ou do marido. Mas se o médico ou o vendedor de ervas do Viaduto Santa Efigênia lhe oferece um elixir qualquer (tecnológico ou não) seus olhinhos brilham. Estou convencida de que, para muitos obesos, não falta informação. Parece que o senso crítico deles fica rebaixado quando o assunto é emagrecimento. Parece que gostam de se enganar e de sentir enganados. Como explicar esse fenômeno? Mais uma vez tive o prazer de conversar com a psicóloga Patricia Vieira Spada, autora do livro Obesidade e sofrimento psíquico: realidade, conscientização e prevenção (Editora Unifesp). Segundo ela, acreditar em fórmulas mágicas, querer resolver as coisas com rapidez é uma forma de não se confrontar com as questões psíquicas que contribuem para a obesidade. “Todos os distúrbios alimentares (obesidade, bulimia, anorexia, etc) estão diretamente ligados ao afeto. Começamos a conhecer o mundo pela alimentação, mamando no peito da mãe. A partir dessa primeira relação com a mãe e com a alimentação muitas questões vão se desenvolver”, diz Patrícia. “A comida funciona como um grande colo para as pessoas que têm dificuldade de lidar com frustrações. Elas correm para o chocolate, para o fast-food, para os pacotes de bolacha. Essa frustração pode ser algo extremo (a morte de uma pessoa querida, a demissão ou a perda de um namorado) ou algo muito corriqueiro. Não existe sofrimento sem importância”, diz ela. A obesidade é determinada por diversos fatores. Mas se uma frustração (pequena ou grande) faz a pessoa sofrer, esse sofrimento precisa ser valorizado e investigado. Fortalecido emocionalmente, o obeso terá mais condições de se defender das falsas promessas. Infelizmente, elas são muitas”.

(Cristiane Segatto – Revista Época)

FONTE: 

26 de setembro de 2011

3ª edição do Prêmio Bayer Jovem Farmacêutico

Estão abertas as inscrições para a 3ª edição do Prêmio Bayer Jovem Farmacêutico, promovido pela Bayer HealthCare Pharmaceuticals em parceria com o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. 


Nesta edição, o tema é “Farmacovigilância e Uso Racional de Medicamentos” e podem participar da premiação estudantes matriculados no curso de graduação em Farmácia e recém-formados inscritos no Conselho Regional de Farmácia de seus estados. Essa premiação tem como objetivo estimular a pesquisa, revelar talentos e investir em estudantes e profissionais que procuram alternativas para a saúde no Brasil.


Os interessados em participar devem ter menos de 30 anos de idade até 31 de dezembro de 2011. Serão duas categorias de premiação: Estudantes e Profissionais. A inscrição é individual e deve ser feita pelo formulário eletrônico disponível nos endereços: www.universofarmaceutico.com.br e http://www.crfsp.org.br. O prazo para inscrição e envio dos trabalhos é até o dia 31 de janeiro de 2012.

8 de agosto de 2011

Automedicação volta a ser assunto na mídia

Nessa semana, o portal R7 divulgou a seguinte notícia com o tema da automedicação no Brasil, destacando para os problemas desse mal hábito que pode levar à dependência em remédios. Confira: 

Comum no Brasil, automedicação pode levar ao vício em remédios

Brasileiro abusa no uso de pílula para disfunção erétil e de remédios anti-estresse

Gente que abusa dos medicamentos controlados e acaba escravo dos remédios sofre das consequências da automedicação.
No Brasil, um bom exemplo disso está no hábito de usar medicação contra a disfunção erétil em demasia. No país, as vendas da medicação passam de sete milhões de comprimidos por ano.

No entanto, os especialistas não recomendam o uso recreativo desse tipo de remédio porque podem causar dependência psicológica, que é muito mais difícil de ser tratada.
Os especialistas alertam ainda que a medicação só é indicada para quem tem o problema, não para jovens. Tanto que na caixa desses medicamentos a informação é clara: venda sob prescrição médica.

No entanto, é possível comprá-lo em algumas farmácias sem a receita, como flagrado na reportagem.

Outros exemplos de automedicação foram apontados em uma pesquisa. Um levantamento do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) revelou que no primeiro semestre mais de 21 mil profissionais foram afastados do trabalho por uso de drogas - lícitas e ilícitas. Um aumento de 22% em relação ao mesmo período do ano passado.

Entre os executivos, que vivem sob pressão, a pesquisa revelou que 15% deles usam medicamentos para controlar o estresse e a ansiedade.
Assista o vídeo no link abaixo:

15 de julho de 2011

Simpósio Farmacêutico: Ensino, Pesquisa e Inovação

Estão abertas as inscrições para o Simpósio Farmacêutico: Ensino, Pesquisa e Inovação. O evento é fruto da parceria entre as instituições: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio da Faculdade de Farmácia (FF), Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz - Rio de Janeiro/RJ) e Fundação Ezequiel Dias (Funed – Belo Horizonte/MG). 

O encontro favorecerá a atualização e a troca de conhecimento entre os participantes e as diversas instituições do país, por meio de apresentação de trabalhos científicos, minicursos e mesas redondas, com temas de importância que geralmente não estão contemplados na grade curricular dos cursos de graduação e pós-graduação. 

Esse evento tem um caráter inovador ao integrar à equipe organizadora - Faculdade de Farmácia/UFJF - duas instituições públicas de excelência na pesquisa e desenvolvimento farmacêutico: (Farmanguinhos) e a Fundação Ezequiel Dias (Funed Belo Horizonte/MG).

O Simpósio será realizado na Faculdade de Farmácia da UFJF em Juiz de Fora, no período de 30 de outubro a 03 de novembro de 2011. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no link: www.simposiofarmaceutico.com.br. O prazo para submissão de trabalho é 30/08. 

Aproveite também as opções de minicursos, cujas vagas são limitadas. Confira os temas: 

Biossegurança

Data: 31/10
Ministrado por Pedro César Teixeira Silva
Coordenador do Escritório de Biossegurança (Escola Nacional de Saúde Pública - Ensp/FIOCRUZ)


Farmacovigilância

Data: 31/10
Ministrado por Janaína de Pina Carvalho
Tecnologista responsável pelo programa de farmacovigilância (Farmanguinhos/FIOCRUZ)


Validação de processos industriais farmacêuticos

Data: 31/10
Ministrado por Ana Lúcia Sampaio de Araújo
Tecnologista do Núcleo de Validação e Qualificação (Farmanguinhos/FIOCRUZ)


Desenvolvimento e produção de biofármacos

Data: 01/11 
Ministrado por Rodrigo Coelho Ventura Pinto
Especialista em cultivo de células animais para a produção de proteínas recombinantes terapêuticas (Bio-Manguinhos/FIOCRUZ)


Desenvolvimento e produção de reativos para diagnósticos

Data: 01/11 
Ministrado por Pedro Paulo Ferreira Ribeiro
Gerente do projeto de transferência de tecnologia de testes rápidos para diagnósticos (Bio-Manguinhos/Fiocruz)


Desenvolvimento de formas farmacêuticas sólidas orais de liberação imediata: a realidade brasileira e os desafios do formulador

Data: 02/11
Ministrado por Alessandra Lifsitch Viçosa
Tecnologista do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica (Farmanguinhos/FIOCRUZ)


Gestão da produção em uma indústria farmacêutica

Data: 02/11
Ministrado por Fábio Resende Lagreca
Gerente de Produção (Farmanguinhos/FIOCRUZ)


Organofluorados na Química Medicinal

Data: 03/11
Ministrado por Núbia Boechat e Mônica Macedo Bastos
Tecnologistas Sênior (Farmanguinhos/Fiocruz


Propriedade industrial no setor farmacêutico

Data: 03/11
Ministrado por Wanise Barros
Coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica (Farmanguinhos/Fiocruz)

5 de julho de 2011

ONU alerta para o consumo abusivo de remédios no Brasil

Documento aponta que 0,5% da população brasileira faz uso indiscriminado dos analgésicos vendidos sob prescrição médica - ante 0,3% na América do Sul

O uso abusivo de medicamentos é um problema para a saúde pública no Brasil. De acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), o país tem um dos mais altos índices na América do Sul de uso não-médico dos opioides (analgésicos), vendidos sob prescrição médica.

Segundo o relatório, o uso abusivo desses medicamentos na América do Sul está estimado entre 0,3% e 0,4% da população adulta, algo em torno de 850.000 e 940.000 pessoas entre 15 e 64 anos. O Brasil é um dos países que detém porcentual acima da média na região: 0,5% da população usa analgésicos de maneira indiscriminada. Bolívia (0,5%) e Chile (0,5%) apresentam os mesmos índices de uso dessas drogas.

Entre os analgésicos considerados pelo relatório do UNODC estão a morfina, a codeína e os opioides sintéticos, a exemplo da metadona, buprenorfina, propoxifeno, fentanil, pentazocina. "Na América do Sul e na América Central, (os medicamentos) preparados à base de codeína estão entre os opioides mais comuns", diz o relatório.

O documento afirma ainda que o uso de anfetaminas na América do Sul permanece estável, sendo Brasil, Venezuela e Argentina os países com a maior prevalência de números absolutos. Uma pesquisa nacional realizada no Brasil em 2009 já mostrava que o uso da anfetamina entre estudantes era de 10,5%, sendo mais elevada entre as mulheres (14,1%) e entre estudantes mais velhos, acima dos 35 anos de idade (18,6%).

O uso abusivo dessas substâncias pode trazer diversos riscos à saúde, como convulsões, além de causar dependência e posterior síndrome de abstinência em usuários já viciados.

FONTE: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/brasil-esta-entre-paises-com-maior-uso-abusivo-de-medicamentos-segundo-onu - 23/06/2011

6 de junho de 2011

Medicamentos de referência, similares e genéricos: qual a diferença?

“Quando um medicamento inovador é registrado no País, chamamos esse medicamento de ‘referência’. A eficácia, segurança e qualidade desses medicamentos são comprovados cientificamente, no momento do registro junto à Anvisa. Como os laboratórios farmacêuticos investem anos em pesquisas para desenvolvê-los, têm exclusividade sobre a comercialização da fórmula durante o período de patente. ‘A patente pode durar entre 10 e 20 anos’, segundo o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, que explicou hoje (6/6) como funcionam os medicamentos genéricos em entrevista ao programa Mais Você, da TV Globo.

Após a expiração da patente, abre-se a porta para a produção de medicamentos genéricos. O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo fármaco (princípio ativo), na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência no país. ‘São feitos testes em pacientes que tomam remédios de referência e genéricos, e é feito o exame de sangue dessas pessoas. Em seguida, analisamos se os efeitos deste remédio no organismo são os mesmos’ ressaltou Barbano em resposta à pergunta feita pela apresentadora Ana Maria Braga.

O genérico é intercambiável com o medicamento de referência.  A segura substituição do medicamento de referência pelo seu genérico é assegurada por testes de bioequivalência apresentados à Anvisa. Essa intercambialidade somente poderá ser realizada pelo farmacêutico responsável. Na embalagem dos genéricos deve estar escrito ‘Medicamento Genérico’ dentro de uma tarja amarela. Como os genéricos não têm marca, o que você lê na embalagem é o princípio ativo do medicamento. O preço do medicamento genérico é 35% menor, pois os fabricantes de medicamentos genéricos não necessitam fazer investimentos em pesquisas para o seu desenvolvimento, visto que as formulações já estão definidas pelos medicamentos de referência. Outro motivo para os preços reduzidos dos genéricos diz respeito ao marketing. Os seus fabricantes não necessitam fazer propaganda, pois não há marca a ser divulgada.

Similares – Além dos medicamentos de referência e os genéricos, há a categoria dos medicamentos similares. De acordo com a definição legal, medicamento similar é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, mas pode diferir em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.

Os medicamentos genéricos e similares podem ser considerados ‘cópias’ do medicamento de referência. Para o registro de ambos medicamentos, genérico e similar, há obrigatoriedade de apresentação dos estudos de biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica. ‘Desde sua criação, o medicamento genérico já tinha como obrigatoriedade a apresentação dos testes de bioequivalência, enquanto a obrigatoriedade de tais testes para medicamentos similares foi a partir de 2003.  Até 2014 todos os medicamentos similares já terão a comprovação da biodisponibilidde relativa’.
Texto extraído da página da ANVISA.

Essa matéria me chamou atenção para os medicamentos “me too” (ANGELL), que são os genéricos ou similares. A indústria apenas modifica o nome da marca e vende um produto que já está disponível no mercado como se fosse novo. As fórmulas mais “copiadas” são os analgésicos e antitérmicos, pois são produtos de alto consumo. Essa questão, portanto, é grave e preocupante. Enquanto a indústria só pensa em vender, os consumidores estão sendo enganados, uma vez que sem a informação adequada, pensam que um produto é de fato diferente do outro, quando na verdade só muda o nome!    

7 de maio de 2011

"A informação é o melhor remédio"?

O projeto “A informação é o melhor remédio” foi iniciado em 2006, através de uma parceria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa e do Departamento de Assistência Farmacêutica - DAF/MS, com a proposta de realizar uma campanha publicitária para informar a população sobre o uso racional de medicamentos e alertar sobre os riscos das peças publicitárias de medicamentos nos meios de comunicação.

Com uma linguagem simples e bem popular, a iniciativa procura sensibilizar o público sobre os problemas causados pela automedicação, pelo uso indiscriminado de medicamentos e pela influência publicitária no consumo desses produtos. Orientações sobre embalagens e rótulos de medicamentos complementam os cuidados direcionados à população.

O kit da campanha, lançado em setembro de 2008, reúne os seguintes produtos educativos para sociedade: 5 vídeos, em três versões (3 minutos, 60 segundos e 30 segundos) sobre comportamento de risco, cuidados e alertas sobre o uso de medicamentos; 5 spots para rádio, 5 cartazes, 1 cartilha e 1 guia de apoio.

Segundo divulgado no portal da ANVISA, foram distribuídos 10.000 kits em todo o país para as unidades do Programa Farmácia Popular do Brasil, Núcleos de Apoio ao Saúde da Família, aos conselhos estaduais e municipais de saúde, Ministério da Educação e órgãos de defesa do consumidor. Campanhas educativas são iniciativas relevantes e que podem ajudar na disseminação da informação correta e segura; o problema é que sem uma estratégia de consumo e circulação dessa campanha, o trabalho pode ser nulo. Além de não terem sido divulgados os impactos do kit, também parece que não houve um direcionamento para os locais que receberam esse material. Sendo assim, a informação só é o melhor remédio se prescrita na posologia e dose adequadas.  
 

4 de abril de 2011

Marcos históricos e legais da propaganda de medicamentos

No semestre passado, em trabalho para a disciplina Políticas e Estratégias de Comunicação em Saúde, fiz um artigo sobre a perspectiva histórica da regulação da propaganda de medicamentos no Brasil. É interessante notar como que o cenário estrutural contribui para a composição do campo hoje. Além disso, a própria história do surgimento do Brasil contribui para os conflitos que configuram a regulação sanitária no novo milênio. Deixo, portanto, a linha do tempo que utilizei nessa pesquisa:


12 de março de 2011

Lucro e Medicamento: interação conflituosa

No mês passado, uma matéria do Fantástico me chamou atenção. A reportagem alertava para o fato de que os laboratórios têm suspendido a fabricação de remédios sem lucros e, ainda, respaldados pela lei, já que as empresas têm o direito de pedir o fim da licença para a produção de qualquer medicamento. O problema atinge os pacientes portadores de doenças raras. Como o mercado é pequeno e o lucro é baixo, as indústrias simplesmente interrompem a fabricação.

A verdade é que a comercialização de medicamentos se tornou altamente lucrativa. Ao estudar um pouco os embates que norteiam o campo da promoção comercial desses produtos, é possível perceber que a indústria assume uma postura antiética e de descaso com a população, estando preocupada apenas com seus interesses. Afinal, é muito melhor produzir analgésicos que certamente serão consumidos por milhares de pessoas do que produzir medicamentos que só irão atender a pequena parcela da população.

Existe ainda um outro ator nesse confronto, mas que, por vezes, prefere assumir um papel omisso. O governo deveria exigir a produção desses remédios mas, ao invés disso, cria lei que favorece a indústria...    

Acesse a matéria na íntegra: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1647559-15605,00.html

1 de fevereiro de 2011

Educanvisa: novos beneficiados

A ANVISA divulgou lista com as 68 prefeituras contempladas para participar do Educanvisa no ciclo de 2011 a 2012. As solicitações de adesão ao Projeto educacional focado em Vigilância Sanitária começaram a chegar à Agência desde 2009 e foram recebidas até o mês de janeiro deste ano, quando o prazo foi encerrado. 

O Educanvisa, projeto realizado com as escolas públicas dos municípios beneficiados, é voltado para promover uma mudança de comportamento a partir da mobilização da comunidade escolar. Os estudantes aprendem em sala de aula sobre os cuidados com a qualidade da alimentação, com o uso de medicamentos, além de serem alertados sobre a influência da propaganda na formação dos hábitos de consumo.

Fonte: Site da ANVISA (01/02/2011), com adaptações.

Mudança de foco

A divulgação do projeto demonstra que a ANVISA realmente tem voltado seu foco para o desenvolvimento de ações de educação. É claro que é uma iniciativa de extrema importância, o problema é que muitos pesquisadores vem questionando a implicação dessa medida. O pesquisador da Ensp/Fiocruz, Álvaro Nascimento, por exemplo, acredita que a agência está perdendo a sua principal competência: atuar na regulamentação e fiscalização do setor. Acredita ainda que esses projetos atingem uma parcela muito pequena da população, não tendo, por isso, um impacto que garanta mudanças profundas na sociedade e, além disso, as empresas continuam a descumprir a legislação vigente.