8 de setembro de 2010

Juventude, Comunicação e Mudança Social – Intercom 2010

   Entre os dias 02 e 06 de setembro, aconteceu em Caxias do Sul (RS) o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), o maior evento que reúne estudantes, pesquisadores e profissionais da área. O tema central desse ano foi Comunicação, Cultura e Juventude. A palestra de abertura “Juventude, Comunicação e Mudança Social” contou, assim, com a contribuição do pesquisador da Roskilde University da Dinamarca, Thomas Tufte. Com experiência em pesquisa voltada para a juventude, Tufte iniciou sua fala a partir de uma questão que considera chave, a saber: “Como os jovens utilizam a mídia – seja como consumidores, atores ou cidadãos críticos – para se referirem à sociedade e responder à injustiça, desigualdade e insegurança?”.

   Dessa maneira, no seu estudo, Thomas quer investigar como a juventude hoje se comunica para a mudança social, a partir das contribuições das pesquisas na América Latina. Ele cita três legados desses trabalhos sobre a comunicação e desenvolvimento. O primeiro seria o compromisso em buscar estratégias de base, sustentadas no ´empoderamento´ (enpowerment) e crítica social da comunidade. O segundo relaciona-se à questão da dimensão cultural mais articulada, em que se encontram múltiplas formas de mobilização social e cultural. E por último, a forte voz da América Latina no debate internacional sobre uma Nova Ordem de Informação e Comunicação (o debate NWICO). Tufte identificou três correntes de pesquisa sobre a Juventude e a Comunicação:

1). Celebração acrítica: participação eletrônica, interatividade, sentido criativo e envolvimento ativo;

2). Perspectiva crítica: processos de resistência dos jovens marginalizados por meio das mídias e dos discursos críticos;

3). Perspectiva cotidiana ou etnográfica: subjetividades em elaboração e identidades em negociação.

   A partir desse mapeamento dos estudos sobre comunicação e juventude, o pesquisador indica que faltam explorações empíricas mais profundas das realidades juvenis, que adotem uma abordagem transdisciplinar. Nesse sentido, Thomas apresentou casos da Tanzânia no continente africano onde realiza pesquisas. Um movimento da juventude nesse país é o Bongo Flava, através do qual se tenta reafirmar a identidade cultural por meio do hip hop (Veja o vídeo feito por esses jovens em referência a Dar Es Salaam, grande metrópole da Tanzânia).

   Em busca de entender a complexa relação entre a juventude e a mídia, Tufte faz alguns questionamentos, como: de que modo as práticas midiáticas e comunicacionais são parte das vidas cotidianas dos jovens hoje; de que tratam alguns dos contextos societários que influenciam a vida dos jovens na atualidade; e como conceitualizar a juventude. Além de divergências e contradições, os debates sobre esse tema também apontam desafios para o campo da comunicação. O pesquisador reafirma que os estudos contemporâneos têm de considerar que os jovens hoje são consumidores de produtos culturais, mas também protagonistas nos processos comunicacionais.

Outras informações sobre a pesquisa: Acesse MEDIeA.

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